quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Justiça francesa condena muçulmanas por uso de véu em público

Duas mulheres muçulmanas foram condenadas nesta quinta-feira pela Justiça da França por desafiarem a lei, vigente desde abril, que proíbe o uso da burca ou de outros véus islâmicos que cubram todo o rosto em espaços públicos. É a primeira vez que um tribunal francês examina um caso como esse.
O advogado da associação "Não toque na minha Constituição", que defende as mulheres que usam o véu islâmico, disse que as duas condenadas apelarão da decisão e que, em caso de confirmação da pena, recorrerão à Corte Europeia de Direitos Humanos.
Hind Ahmas e Najate Nait Ali foram julgadas por terem usado o véu islâmico em frente à prefeitura de Meaux, na região metropolitana de Paris, em 5 de maio. O prefeito de Meaux, Jean François Copé, é um dos principais apoiadores da lei.
Hind, 32 anos, foi condenada a pagar multa de 120 euros (cerca de R$ 306,67) e Najate Nait Ali, 36 anos, a pagar 80 euros (R$ 204,45).
O tribunal não condenou as duas a assistir a um curso de cidadania, como pedia a promotoria, que também solicitara multas de 150 euros (R$ 383,34).
As mulheres não puderam assistir à audiência desta quinta porque chegaram atrasadas. Durante a primeira audiência, meses atrás, uma delas não pôde entrar porque se negou a tirar o véu integral que usava.
A França, que abriga a maior comunidade muçulmana da Europa, com seis milhões de pessoas, foi o primeiro país europeu a adotar uma lei que proíbe o véu em espaços públicos, apesar de outros países - Suíça, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Espanha e Alemanha - estudaram medidas similares.
Nos últimos dois anos, o governo conservador francês dirigido por Nicolas Sarkozy, que pensa em concorrer à reeleição em 2012, promoveu fracassados debates sobre a identidade nacional, o lugar do Islã e a imigração.
Em 16 de setembro entrou em vigor na França a proibição de realizar a oração muçulmana das sextas-feiras na rua, uma prática que surgiu nos últimos dez anos devido à falta de mesquitas suficientemente grandes, em particular em Paris.
Com AFP e BBC

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