quarta-feira, 1 de junho de 2011

Políticos do Pará não têm posição firme sobre novo estado

Jornal: Brasil Econômico
Segundo cientista político da região, plebiscito deve terminar com vitória tranquila do “não” graças à capital, Belém

Um aspecto que tem chamado a atenção no debate sobre a criação dos estados de Tapajós e Carajás é a ausência de posições firmes de políticos tradicionais da região. Em vez de escolherem o lado do sim ou do não, nomes como Jáder Barbalho, Flexa Ribeiro e Ana Julia Carepa ficaram em cima do muro. Pelo menos até o momento, o único consenso entre eles é que o plebiscito deve ocorrer. Ao procurar o gabinete do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), por exemplo, a reportagem foi informada por um assessor que ele "defende o plebiscito, mas não entra no mérito sobre sim ou não".

Em Belém, a posição de um dos mais tradicionais políticos paraenses, Jáder Barbalho (PMDB-PA), é uma incógnita. O mesmo acontece com a ex governadora petista Ana Julia Carepa (PT-PA). "O Pará que sobraria depois da divisão teria apenas 17% do território e 70% dos eleitores. A maioria dos políticos que estão em cima do muro é mais forte na capital e não quer se queimar com os eleitores das outras regiões", avalia o cientista político Edir Veiga, professor da Universidade Federal do Pará.

Ele afirma, ainda, que todas as pesquisas feitas até hoje apontam que o "não" será vitorioso no plebiscito com uma larga vantagem. Não por acaso, a linha de frente do movimento pelo "sim"´ tem feito mais barulho e está concentrada nas cidades que ganhariam mais autonomia e espaço político com a divisão territorial do Pará. É o caso, por exemplo, da prefeita de Santarém, Maria do Carmo Martins, do PT.

Governador

"Meus amigos brincam comigo e me chamam de governador de Carajás. Mas vamos primeiro criar o estado para só depois ver isso", desconversa o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), principal líder do movimento pelo "sim". Segundo sua avaliação, os políticos mais tradicionais da região ficariam no que ele chama de "estado mãe", o Pará, e isso abriria espaço para o surgimento de uma nova geração. "Quando se estende o espaço político, não há perdedor. Só há vencedores", afirma.

O parlamentar revela que a campanha pelo sim deve contar com um marqueteiro de peso. "O Duda Mendonça tem fazenda na região, em Tinguara. Alguns fazendeiros amigos meus o sondaram sobre a possibilidade ele fazer a nossa campanha. Ele foi simpático à ideia".

Uma das poucas políticas com base em Belém a se dizer abertamente contra o plebiscito, a senadora Marinor Brito (Psol-PA) argumenta que teme a influência do poder financeiro na formação do novo quadro de parlamentares da região. "Com a divisão, a elite política do Carajás seria controlada diretamente por gente próxima as madeireiras e por mineradoras da região. Por isso sou contra a criação dos novos estados", diz.

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