quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

60% das mulheres gostariam de rir mais.


Rir é mesmo bom remédio?
Em busca da resposta, professora universitária lidera pesquisa para saber por que é que o brasileiro ri.
O riso é uma marca registrada do brasileiro? A antropóloga e professora Mirian Goldenberg decidiu se debruçar sobre o tema e dedicou suas pesquisas na Universidade Federal do Rio de Janeiro para investigar, entre outras coisas, os motivos pelos quais homens e mulheres riem. Afinal, o bom humor é mesmo um fator crucial para uma boa paquera? Ou, rir é mesmo uma arte? Essas questões passaram a fazer parte do cotidiano da professora Mirian, autora de outras abordagens sérias em livros como "Por que homens e mulheres traem?" e "De Perto Ninguém É Normal". Dentre os resultados curiosos obtidos até agora está o fato de 84% dos homens afirmarem rir muito, enquanto 60% das mulheres gostariam de rir mais.

A escritora conta que a ideia de escrever sobre o tema ocorreu meio que por acaso, a partir de uma experiência pessoal. "Estas questões surgiram como objeto de reflexão em 2007, quando fui convidada para dar uma série de conferências na Alemanha sobre ‘O corpo como capital na cultura brasileira’. Lá percebi que o meu corpo é culturalmente construído. Meu corpo é brasileiro. No meu corpo está inscrita a minha cultura. E, na minha cultura, a risada é um comportamento extremamente valorizado socialmente. No entanto, aqui também existem lugares em que a risada pode ser um mecanismo de exclusão e não de inclusão social", conta.

Habituada, como boa parte dos brasileiros, a utilizar a risada como forma de comunicação, acabou descobrindo que nem sempre ela funciona assim. "Ao entrar na sala da Universidade de Munique para dar uma conferência, percebi que o meu sorriso me distanciava dos alemães, exatamente o contrário do que ocorre no Brasil. Aqui o sorriso é uma forma de aproximação, utilizado como uma forma de comunicação e para provocar um tipo de pensamento que foge ao tradicional. Fazer rir é uma arte. E rir é um dos maiores prazeres individuais e, também, sociais. Lá, este recurso não funcionava", relembra.

Tal inversão de valores provocou em Mirian a vontade de pesquisar o riso, levantando questões relacionadas ao comportamento cultural, além de pensar nos espaços que valorizam ou estigmatizam a manifestação da risada. "Pretendo refletir sobre possíveis especificidades culturais da risada no Brasil. Verificar, utilizando as idéias de Pierre Bourdieu, se existe algo de distintivo na risada brasileira. Pretendo também compreender se a risada do brasileiro pode ser um elemento de pertencimento a determinados grupos sociais e, também, um mecanismo de distinção ou de exclusão nestes mesmos grupos", explica.


Riso pode determinar comportamentos

A partir da pesquisa, a antropóloga quer compreender como a risada interfere e estabelece comportamentos na vida do brasileiro: "Optei por realizar entrevistas em profundidade com homens e mulheres, para compreender o significado e a importância da risada na cultura brasileira. Estão sendo realizadas entrevistas com pessoas de diferentes gerações: estudantes de segundo grau, universitários, mestrandos, doutorandos, antropólogos, historiadores, administradores de empresa, economistas, engenheiros, advogados, jornalistas, psicólogos, aeromoças, humoristas, diretores de teatro, roteiristas, atores, cantores, músicos, artistas plásticos, fotógrafos, entre outros, para verificar em que momentos e por que motivos eles riem", diz Mirian.

Até o momento foram realizadas 45 entrevistas, com perguntas abertas e respostas livres. A pesquisadora também está levantando dados em bibliografias nacionais e internacionais sobre o tema, a partir da análise de outros estudos sobre a risada e temas associados, como a felicidade, a alegria e o bom humor: "Minhas reflexões iniciais sobre o significado e a importância da risada na cultura brasileira terão como base as entrevistas em profundidade realizadas com homens e mulheres, assim como uma pesquisa quantitativa em que temas relacionados à risada surgiram espontaneamente nas respostas dos pesquisados".

Fonte: Amazônia Jornal.

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