Mães que abandonam seus bebês logo após o nascimento precisam de atendimento psicológico e não podem ser tratadas como monstros. A afirmação é feita pela psicóloga e psicanalista Isabele Pinheiro, que também alerta para a necessidade de atendimento dos bebês. 'É preciso ressaltar que vários aspectos podem contribuir para que uma mãe abandone seu filho, inclusive o fator social. Mas é preciso analisar cada caso e dar o atendimento adequado a essas mulheres, e não condená-las compulsoriamente', destacou a psicóloga, tomando como base os casos envolvendo Elinaura Nascimento dos Santos, de 20 anos, que colocou o bebê em um saco e o jogou pelo muro de uma casa, na noite de Natal e Elizabeth Carvalho, de 23 anos, que entregou o filho ao Conselho Tutelar, dizendo que o achou em uma parada de ônibus, em novembro do ano passado. Há também o caso do bebê, que por problemas de falta de atendimento médico no posto de saúde da Cidade Nova 6, acabou tendo o filho no vaso sanitário do banheiro do posto.
Segundo Isabele Pinheiro é preciso se levar em consideração vários aspectos em relação à mãe desses bebês. O fator social é de grande relevância, pois a miséria e falta de condições financeiras contribuem para o desespero e até abandono de um bebê. Mas, esse não é o maior e nem o único fator a ser analisado, segundo a psicanalista. Isabele destaca que, além do fator social, há aspectos pessoais, subjetivos e familiares que também precisam ser objeto de análise. 'É preciso analisar qual o grau do desejo de ter esse bebê. E aí algumas perguntas precisam ser feitas e respondidas, como por exemplo, como era a relação dessa mulher com o pai da criança? Como era a sua relação familiar? Essa gravidez era desejada? Ela queria aumentar a família? Queria esse filho para dá-lo a um homem, como em geral ocorre?', destacou.
A psicanalista também ressalta que não é verdade que todas as mulheres possuem um instinto materno e que a maternidade é algo inerente à mulher. 'Essa afirmação é socialmente aceita. Mas não é real. Há muitas mulheres que não desejam ser mães, e isso é absolutamente normal', disse a psicóloga, esclarecendo que o desejo de não ser mãe não se configura como uma patologia, ou alguma espécie de desvio na personalidade das mulheres. No entanto, o ato de abandonar o bebê é que precisa ser analisado e tratado para que essas mulheres não voltem a repeti-lo.
Fonte: Amazônia Jornal
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