quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Segundo psicóloga, mulheres que abandonam filhos ao dar à luz não devem ser tratadas como monstros.

Mães precisam de atenção
Mães que abandonam seus bebês logo após o nascimento precisam de atendimento psicológico e não podem ser tratadas como monstros. A afirmação é feita pela psicóloga e psicanalista Isabele Pinheiro, que também alerta para a necessidade de atendimento dos bebês. 'É preciso ressaltar que vários aspectos podem contribuir para que uma mãe abandone seu filho, inclusive o fator social. Mas é preciso analisar cada caso e dar o atendimento adequado a essas mulheres, e não condená-las compulsoriamente', destacou a psicóloga, tomando como base os casos envolvendo Elinaura Nascimento dos Santos, de 20 anos, que colocou o bebê em um saco e o jogou pelo muro de uma casa, na noite de Natal e Elizabeth Carvalho, de 23 anos, que entregou o filho ao Conselho Tutelar, dizendo que o achou em uma parada de ônibus, em novembro do ano passado. Há também o caso do bebê, que por problemas de falta de atendimento médico no posto de saúde da Cidade Nova 6, acabou tendo o filho no vaso sanitário do banheiro do posto.

Segundo Isabele Pinheiro é preciso se levar em consideração vários aspectos em relação à mãe desses bebês. O fator social é de grande relevância, pois a miséria e falta de condições financeiras contribuem para o desespero e até abandono de um bebê. Mas, esse não é o maior e nem o único fator a ser analisado, segundo a psicanalista. Isabele destaca que, além do fator social, há aspectos pessoais, subjetivos e familiares que também precisam ser objeto de análise. 'É preciso analisar qual o grau do desejo de ter esse bebê. E aí algumas perguntas precisam ser feitas e respondidas, como por exemplo, como era a relação dessa mulher com o pai da criança? Como era a sua relação familiar? Essa gravidez era desejada? Ela queria aumentar a família? Queria esse filho para dá-lo a um homem, como em geral ocorre?', destacou.

A psicanalista também ressalta que não é verdade que todas as mulheres possuem um instinto materno e que a maternidade é algo inerente à mulher. 'Essa afirmação é socialmente aceita. Mas não é real. Há muitas mulheres que não desejam ser mães, e isso é absolutamente normal', disse a psicóloga, esclarecendo que o desejo de não ser mãe não se configura como uma patologia, ou alguma espécie de desvio na personalidade das mulheres. No entanto, o ato de abandonar o bebê é que precisa ser analisado e tratado para que essas mulheres não voltem a repeti-lo.

Isabele Pinheiro atuou na Unidade de Prevenção, Pesquisa e Atendimento Psicológico a Crianças, no Rio de Janeiro, e conta que ela e sua equipe atendiam bebês ainda em hospitais, que haviam sido vítimas de alguma violação de direito, incluindo abandono, maus-tratos, omissões, rejeições e até violência sexual. 'É preciso também que seja feita uma intervenção psicológica precoce nesses bebês que são abandonados, ainda que por um curto espaço de tempo, para que eles não tenham problemas na fase adulta', alertou.

Fonte: Amazônia Jornal

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